13 DE JUNHO, ANIVERSARIO DA VOVÓ

Olhei pela janela, a lua brilhando e uma saudade imensa tomou conta do meu coração.
Dia 13 de junho era aniversário da minha bisavó, que deixou seu corpo físico no ano que completou 100 anos. "Veinha" fofa, divertida, sábia...

Num dia como esse, há uns bons anos atrás, minha mãe ia buscar eu e meu irmão na escola, enchia a gente de agasalhos e nos levava para a festa da vó Lice.
Festa no quintal que mais parecia um sítio
Geralmente no dia do aniversário dela era minha festa também ja que o meu aniversário é no dia seguinte, mas isso depois que eu cresci porque quando eu era criança minhas festas eram à caráter, todos os convidados iam vestidos de caipira. Chapéu, trancinha e bochechas com pintinha ...

Na noite de Santo Antonio, ou no dia do aniversário da vovó, era dia de fogueira, de balão, de pinhão e de todas as comidinhas e bebidinhas típicas da época.
Minha mãe não deixava eu e o meu irmão chegar perto da fogueira mas a gente sempre escapava e ficava jogando graveto para o fogo não apagar ou fazendo galinha morta (balão de jornal) para ver qual ia mais longe.

Todos os primos se reuniam. Criançada de todas as idades, dos 2 aos 100 anos. Eramos quase 30!
Brigávamos por causa dos fogos, quer dizer, eles brigavam. Eu sempre fui cagona e só brincava com biribinha.
Lembro do pinhão assando na lata que ficava embaixo da fogueira. Oh povo que comia!
Eu nunca gostei muito de comidinhas juninas, só do doce de abóbora que a "veinha" fazia mas sempre gostei das bebidinhas: quentão e vinho quente.
Tinha música de quadrilha e simpatia de Santo Antonio.
Se eu tivesse em época de provas era uma choradeira, a mãe fazia eu levar os livros pra estudar.
Como era bom ...
Eu como sempre doente, pq sempre fico doente na véspera do meu aniversário.
Ja discuti esse assunto na terapia, a terapeuta até deu uma explicação mas não me lembro.

Muita gente que fazia essa bagunça ja se foi.
Todos os outros cresceram.
Alguns tomaram rumos que nos separaram, mas tenho certeza que toda noite de 13 de junho nossos pensamentos se cruzam com essas lembranças.

Agora estou aqui, com a mesma dor de garganta que me acompanha a 34 anos no mês de junho, sentindo uma saudade boa e tendo a certeza que tive uma infância bem feliz.
Ah, tenho a certeza de que onde quer que eu esteja a "veinha" ta comigo, olhando por mim.
Com saudades mas feliz!