sábado, 9 de julho de 2011

LENDA DA VERDADE NUA

Esse texto não é meu, é da Rosana Hermann (www.r7.com/rosana), profissional que eu admiro muito, e foi retirado do blog da Brastemp "Inspiração Coletiva", um blog que eu super indico pois junta criatividade e inspiração de muita gente boa que eu curto como profissional.(www.assimumabrastemp.com.br)

Espero que gostem!

Era uma vez uma pequena vila onde moravam duas lindas irmãs. Todos os dias elas se arrumavam, penteavam os cabelos e elogiavam-se mutuamente por seus atributos físicos. Um dia uma delas perguntou qual era a mais bonita. Nenhuma foi capaz de dizer. Uma das irmãs resolveu então submeter essa decisão ao povo da vila. Cada uma desfilaria pela rua principal da cidade para ver a reação do povo. A que fosse mais aclamada, mais aplaudida, seria a mais bonita.

Na manhã seguinte as duas irmãs foram para a ponta da principal avenida, que atravessa o coração do vilarejo. A primeira irmã começou a caminhar lentamente, com elegância e um sorriso largo. As pessoas que passavam, sorriam de volta, acenavam e pareciam admirá-la. Quanto mais reações positivas ela conseguia, mais segurança interior ela sentia para continuar, o que provocou ainda mais acenos e sorrisos, que logo se transformaram em aplausos. Ao chegar no outro lado da avenida, pessoas em todas as casas saíam aos terraços para olhar a moça bonita e bem trajada. Ela voltou ao ponto de partida sob apupos gloriosos, sentindo-se praticamente vitoriosa na disputa pelo título de beleza.

A segunda irmã cumprimentou-a pelo sucesso e começou sua caminhada.

Já nos primeiros passos, apesar de sua altivez e segurança, a reação não foi boa. Pessoas se afastavam dela sorrateiramente. Outras se escondiam e algumas fingiam não a ver. Sem entender o que acontecia, a jovem foi tentando se expor cada vez mais, tentando chamar a atenção de todos, o que só piorava ainda mais o resultado. Moradores fechavam portas e janelas e se escondiam dela. Ao chegar do outro lado da avenida, ela estava quase fracassada.

Numa última tentativa de mostrar o quanto era bela, a moça começou a se despir de todas as roupas, caminhando total e completamente nua , para horror da população da vila, que simplesmente sumiu da praça.

A segunda irmã chegou nua e aos prantos para o ponto de partida, onde sua irmã a acolheu e cobriu-a com um manto.

- O que aconteceu comigo, minha querida irmã? Por que todos me evitam? Por acaso sou horrível ou repulsiva?

- Não, querida Verdade. Você é linda. O que acontece é que ninguém quer ver a Verdade assim, exposta diante da cara, passando na frente de todos. Muito menos assim, nua.

- Então é por isso que todos preferem você, História?

- Acho que sim, Verdade. As pessoas só conseguem compreender a verdade através de uma lenda, de uma história. A Verdade Nua é insuportável para quase todo mundo. As pessoas querem algo que dê alento, uma capa, uma veste, uma ilusão.

E assim, abraçadas, História e Verdade voltaram para sua casa enquanto o povo da vila adormeceu com suas ilusões.

Ouvi essa lenda contada por um homem, num vídeo perdido no YouTube. Reescrevi-a como me lembrei. Mas o ensinamento é sempre o mesmo. As pessoas não estão preparadas para receber a verdade, muito menos a verdade nua. Por isso, estamos sempre adereçando, adornando, vestindo e maquiando a verdade, para dar conforto a quem precisa dela saber.

Fica a reflexão inspiradora. Que figurino usamos todos os dias para vestir as verdades que não queremos despir na vida?

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