sábado, 28 de janeiro de 2012

ONTEM, HOJE ... SEMPRE?

A alguns dias terminou uma minissérie muito interessante sobre a vida de Dercy Gonçalves. Me surpreendi porque ja é bem difícil encontrar programas bons na tv aberta, no começo do ano então, vixi ...
Fui surpreendida não pela história da carreira dela, de seus trabalhos no teatro e na tv pois sempre a achei forçada, e depois da série, exagerada (um exagero que não me passou talento) mas sim pela sua história de vida que deixa claro que a dulpa dinâmica (do mal), preconceito e julgamento, juntamente com "minha verdade sempre sera a certa", sempre irão existir... ai cabe a cada um lidar com isso
Menina de cidade do interior, pobre, festeira e alegre, sempre foi chamada de puta, e tratada como uma por vizinhos, parentes e até pelo próprio pai.
Bocuda, Dercy não levava desaforo para casa.
Mas a "puta" casou-se virgem, aliás não chegou a perder a virgindade com o primeiro marido ao qual foi fiel até o dia da sua morte.
Engravidou de um homem casado, sofria por ser mãe solteira, criou a filha com sacrifício mas dentro dos seus valores rígidos, ao contrário da falta de valores que todos creditavam a ela.
Casou-se outras vezes, foi traída, roubada e nem assim traiu e nem passou ninguém para trás.
Batalhou, se tornou conhecida nacionalmente, se ergueu.
Seu pecado (?): falava palavrão e defendia suas ideias.
...
Em uma conversa começo a falar sobre  preconceito e como isso é retratado na minissérie, como essa praga que ainda habita o mundo pode acabar com a vida de uma pessoa e como somos influenciáveis e nos deixamos levar por apenas um lado da história.
Eu mesma admiti que tinha uma imagem errada com relação a artista, que sempre "comprei" a história que me venderam. Passei a admirar aquela mulher idonea, pura e de bom coração.
Ai soltam um comentário: "ah, mas ela falava muito palavrão por isso a chamavam de puta"
Oi? Opa, sou puta?
A partir dai parei pra pensar: preconceito e julgamentos sempre vão existir, é inerente ao ser humano.
Fico pensando: se Dercy se deixasse levar por tudo que falaram sobre ela, ela seria quem foi e viveria 102 anos?
Quanta gente desiste dos seus sonhos e até da sua vida porque é julgada e vítima de preconceito?
O que passa na cabeça de quem discrimina as pessoas por causa de sua cor, da sua opção sexual, da sua beleza (ou falta dela), por causa do peso, por causa do dinheiro (ou falta dele), por causa do jeito de falar ....?
Que mundo é esse em que vivemos onde o ter é maior que o ser, ser humano?
Não sou perfeita, tenho meus preconceitos, sou critica e julgo pra caralho e me sinto muito mal com isso mas infelizmente, tem gente que faz disso estilo de vida e se acha acima do bem e do mal.
No ano passado tivemos o maior número de casos de violência contra mulher e contra homossexuais, crimes motivados por preconceitos.
Dercy nasceu em 1907, eu vivo em 2012 e tenho certeza que essa praga não deixará de existir, ou seja: preconceito, infelizmente, ontem, hoje e sempre vai estar ai, para nos tornar um pouco menos humano.

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